Pais armam redes e dormem em fila para conseguir vaga em escola de Epitaciolândia
Aline Nascimento
Pais e responsáveis de alunos de Epitaciolândia, interior do Acre, passaram a noite de segunda (13) e a madrugada dessa terça-feira (14) na fila para conseguir uma vaga na Escola Brasil Bolívia, uma das mais procuradas da cidade.
Alguns desses pais armaram redes nas grades da frente da escola e deitaram para aguardar o dia amanhecer e serem atendidos pelas equipes. Outros esperaram sentados em cadeiras ou na calçada mesmo.
O jornalista Wesley Cardoso foi para frente do colégio às 3h40 da madrugada para tentar uma vaga no 6º ano para a filha, de 11 anos. Na fila já havia cerca de 40 pessoas e, quando amanheceu, segundo o jornalista, mais de 100 pais já esperava atendimento.
“A demanda foi bem grande este ano. Essa escola é bem antiga, mas o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] é bom. Ela é mais próxima também dos bairros, a qualidade é boa. O governo precisa ampliar essa escola, que foi feita em 1950. Eu fiz meu segundo grau lá”, destacou.
Além de boas referências, Cardoso disse que tem preferência pela escola por ficar próxima do trabalho da esposa dele. “Essa escola já deveria ter sido ampliada ou reconstruída há mais de 10 anos, mas continua a mesma e a clientela só aumentando. A tendência é aumentar, esse ano já foi esse sufoco e ano que vem, provavelmente, vai ser assim também”, relatou.
Jornalista Wesley Cardoso foi de madrugada ficar na fila e tentar uma vaga em uma das turmas do 6º ano — Foto: Wesley Cardoso /Arquivo pessoal
90 vagas para o 6º ano
A diretora da escola, Arlene Martins, confirmou que todo ano, quando abrem as matrículas, os pais acabam dando preferência pela escola e dormem na fila. As matrículas abertas no colégio são para turmas do 6º ao 9º anos.
Segundo a diretora, apenas para o 6º foram disponibilizadas 90 vagas e todas foram preenchidas na terça pela manhã. São três turmas para essa modalidade, duas pela manhã e uma à tarde.
Na manhã de terça-feira (14), diversos pais e responsáveis aguardavam atendimento em frente ao colégio — Foto: Arquivo pessoal
“Mesmo que a gente oriente de que não há essa necessidade, que o município tem duas escolas que atendem do 6º ao 9º anos, mas, mesmo assim, ficam na fila porque querem uma vaga na Escola Brasil Bolívia. Essa escola foi projetada para ser do 1º ao 5º anos, durante um bom tempo funcionou assim e depois passou para rede estadual. Mas, nossas salas não comportam mais do que 30 alunos”, complementou.