Pai relata desespero ao ver filho morto após catraia ser atingida por raio: ‘não apaga mais da minha cabeça’
Muito abalado, Antônio Raimundo, pai do adolescente Henrique Santos da Costa, de 14 anos, que morreu após um raio atingir a catraia em que ele estava com um grupo de alunos, descreveu a uma equipe da Rede Amazônica a cena que viu ao chegar na embarcação.
Ele também é pai de Kaila Santos da Costa, que sobreviveu ao acidente, no Rio Purus, em Sena Madureira, interior do Acre, nesta quarta-feira (10).
“Quando cheguei, meu filho estava morto, o outro rapaz segurando uma menina gritando e mais duas pessoas já mortas. O catraeiro tinha caído no meio do rio, minha menina estava pedindo socorro. Foi uma correria e tanto lá. Foi muito difícil, isso não apaga mais da minha cabeça nunca. Muito difícil, só Deus na causa. Consegui trazer um deles com vida, minha filha vai sobreviver”, desabafou.
Nove pessoas estavam na catraia que seguia pelo rio. Três alunos, além do condutor morreram, e outras cinco pessoas ficaram feridas quando eram levados para a escola, que fica na Comunidade Estirão do Alcântara, no Amazonas.
Feridos foram levados para o Hospital de Sena Madureira — Foto: Jefson Dourado/ Rede Amazônica Acre
Ainda segundo o pai, os alunos são levados para a escola diariamente pela embarcação. Ele diz que chovia bastante nesta quarta quando os filhos saíram, e que chegou a ouvir o barulho de um trovão e em seguida viu o raio.
“Demorou uns 20 minutos o vizinho chegou e me avisou. Saí desesperado. Foi muito triste. Difícil de apagar, espero que ninguém passe por isso”, lamentou.
Morreram no acidente: Yasmin Oliveira da Silva, de 10 anos, Henrique Santos da Costa, de 14, Elon Dias Raulino, de 17 anos, e o condutor Magneto Junior Ribeiro de Nascimento.
Magneto Junior Ribeiro do Nascimento conduzia a embarcação com os alunos e foi uma da vítimas fatais — Foto: Reprodução
Homem que ajudou em resgate relata horror: ‘não consegui socorrer todos’
O catraieiro Francisco de Oliveira Souza foi uma das primeiras pessoas a chegar até o Rio Iaco. Ele foi avisado do acidente e seguiu para o local.
“Tentei socorrer uns e outros, mas eram muitos. Nessa hora [quando chegou no local] só tinha um morto, estava com o rosto queimado, e os outros estavam vivos, com os olhos revirando. Como era só eu, não deu para socorrer todos. Ainda socorri esse que foi para Rio Branco. Peguei ele com muita luta, quando fui pegar os outros já tinham falecido”, lamentou Souza.
Os feridos foram levados para o hospital de Sena Madureira. Um deles, que está em estado mais grave, foi transferido para Rio Branco, segundo informações da direção da unidade.
Souza trabalha como catraeiro no período da manhã e Magneto, que conduzia a embarcação com os alunos e morreu, trabalhava à tarde. Ele relembrou que passou pelo colega quando ia para casa.
Adolescente transferido para Rio Branco
O adolescente Cleverton Silva de Lima foi transferido para Rio Branco. A informação foi repassada pelo diretor do hospital de Sena Madureira, Michael Kelles.
Ainda de acordo com a unidade, os alunos feridos têm entre 12 e 14 anos. Segundo Kelles, os adolescentes devem ficar em observação na unidade.
“Foram atendidos e feitos todos os procedimentos nos que sobreviveram. Tem muita gente no hospital, muito familiar”, detalhou.