Há um mês, coronavírus chegava ao Acre; confira linha do tempo da pandemia
Há exato um mês, no dia 17 de março, os acreanos recebiam a notícia que todos sabiam ser inevitável: o coronavírus havia chegado ao estado. O novo vírus demorou três meses para sair de Wuhan, província da China central, onde surgiu, e chegar à unidade federativa mais ocidental do Brasil, distante 17 mil quilômetros do então epicentro.
Uma advogada de 37 anos que veio de Fortaleza e dois arquitetos, um homem de 30 e uma mulher de 50, que voltaram de São Paulo, foram os três primeiros casos covid-19 no Acre. Eles já estão curados da doença.
Assim que confirmados os primeiros infectados, o governador Gladson Cameli e a prefeita de Rio Branco Socorro Neri expediram decretos que determinavam a suspensão das aulas e o fechamento de setores comerciais não essenciais, como bares, restaurantes e lojas.
Assembleia Legislativa (Aleac), Câmara de Vereadores, setores do Judiciário, universidades federais e particulares e vários órgãos públicos também interromperam suas atividades presenciais e aderiram ao chamado home office, ou trabalho remoto.
A população como um todo também teve de fazer sua parte e respeitar as recomendações de isolamento social, a principal arma do planeta contra a rápida disseminação do novo vírus. E os acreanos obedeceram. No dia 22 de março, domingo, quase 70% das pessoas ficaram em casa no Acre, segundo estudo do projeto #Fakecovid19.
Na primeira semana da pandemia, quando foram registrados 17 casos, as movimentadas ruas, praças e calçadões de Rio Branco estiveram quase que desertas em horários de pico como nunca se viu antes. Porém, atualmente, um mês após a confirmação dos primeiros casos, a vida de muita gente já voltou à normalidade, especialmente após o governador afrouxar as próprias decisões referentes ao isolamento.
Casos crescentes
Não só a chegada da doença era inevitável. Seu crescimento também, uma vez que o vírus se espalha muito rápido e pode chegar a até 14 dias de latência no organismo, tempo suficiente para que um contaminado infecte várias outras pessoas sem saber que está infectado.
Na segunda semana, mais 24 casos foram contabilizados, um crescimento de mais de 40% em relação à primeira. Na semana seguinte, foram mais nove contaminados e a notícia que ninguém queria receber: a primeira morte. Trata-se de uma idosa de 79 anos que sofria de diabetes e hipertensão.
O dia seguinte, o primeiro da quarta semana, começava com outra morte. A vítima, uma senhora de 75 anos, tinha sequelas de acidente vascular cerebral (AVC) e não resistiu aos sintomas da covid-19.
Quatro dias depois, outra morte chocaria os acrenos. Um idoso 82 anos faleceu no Lar Vicentino, onde vivem outros 54 velhinhos, sem sequer ter recebido tratamento e diagnóstico para coronavírus. Outros dois que dividiam quarto com o falecido manifestaram os sintomas e estão internados sem riscos até o momento.
Além das duas mortes, a quarta semana foi a pior desde a chegada da pandemia ao Acre por ter o recorde diário de novos casos, com 13 infectados em um único dia, além do recorde semanal de 40 novos contaminados.
A quinta semana traz outras duas mortes, a de um jovem de 32 anos, o mais novo a perder a batalha contra a covid-19 até o momento, e a de outro idoso, de 79 anos, morador de Plácido de Castro.
Raio X
Em um mês de pandemia no Acre, já são 115 casos confirmados. A maior parte está em Rio Branco (86). Acrelândia aparece como o segundo município com maior número de infectados (12). Plácido de Castro e Cruzeiro do Sul vêm em seguida, com 13 e 2 casos, respectivamente. Bujari e Porto Acre possuem um caso, cada.
Cinco pessoas estão hospitalizadas com a forma grave da covid-19 na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb) e Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito, também na capital.
Mais de 50 pacientes já tiveram alta e estão curados do coronavírus. Cerca de 1.200 exames já foram feitos desde meados de março. Quase 56% do total de infectados são do sexo masculino. A faixa etária com maior número de contaminados é entre 30 e 39 anos. Já a média de novos casos por dia é de 3,7.