Grupo de imigrantes que estava retido em Assis Brasil entra no Peru por rotas alternativas
O grupo de cerca de 80 imigrantes que estava retido no município de Assis Brasil, no interior do Acre, no dia 20 de junho, conseguiu entrar no lado peruano por rotas alternativas. A informação foi confirmada pela Secretaria de Assistência Social do município. A barreira policial na Ponte da Integração, que liga os dois países, mantém a fronteira fechada.
Contudo, os imigrantes conseguiram entrar, após o dia 23 de junho, no país peruano com ajuda de coiotes pelo rio. Atualmente, há um grupo de 40 imigrantes, entre venezuelanos e haitianos, instalados na casa de passagem de Assis Brasil.
“Eles pegam uma catraia, atravessam o rio, entram no Peru e vão embora. Temos dois fluxos aqui de entrada e saída, esses imigrantes haitianos, cubanos e africanos estão mais saindo. Chegam na fronteira e conseguem sair”, explicou o secretário de Assistência Social da cidade, Quedinei Correia.
Ainda segundo o secretário, o grupo que está na casa de passagem espera a liberação a documentação para entrarem no país. “Fizemos a documentação deles no início da semana e vamos encaminhá-los para seguir viagem. Esse fluxo é constante, todos os dias recebemos novos imigrantes, alguns ficam um dia ou dois na casa de passagem, chegam com famílias e crianças, ficam sem condições”,
Em fevereiro, a Ponte da Integração, que liga Assis Brasil e Iñapari, no Peru, foi ocupada por mais de 300 imigrantes. Na época, a cidade acreana chegou a ter mais de 600 imigrantes.
Fluxo migratório
Por estar na fronteira do Brasil com o Peru, o município de Assis Brasil continua registrando um fluxo migratório considerável. O secretário afirmou que os grupos têm encontrado rotas alternativas para passar para o Peru, mesmo com a fronteira fechada e, por isso, não ficam mais retidos no abrigo da cidade.
O movimento na cidade é tanto de imigrantes que chegam pelo Peru com destino às cidades brasileiras como aqueles que querem deixar o Brasil e encontram meios alternativos para passar.
Com a Ponte da Integração – que liga Assis Brasil ao Peru – fechada, muitos conseguem atravessar de barco e depois pagam os chamados coiotes para seguir viagem pelo Peru até chegar em outros países.
Pastoral do Migrante
A situação dos imigrantes no estado também é acompanhada de perto pela Pastoral do Migrante das Cáritas Diocesana. Esse grupo faz um trabalho de acolhimento, suporte e consegue mantimentos para esses estrangeiros.
Aurinete Brasil, vice-coordenadora da pastoral, explicou no último dia 23, que o fluxo migratório tem sido bem mais intenso de pessoas que entram pela fronteira do Acre com Peru e Bolívia com destino às cidades brasileiras como São Paulo, Florianópolis e Porto Alegre. Por dia, chegam em média 50 a 100 imigrantes no estado acreano.
Atualmente, a pastoral acompanha 104 famílias de migrantes que vivem em Rio Branco e que não estão em um dos dois abrigos públicos da capital – ou o Centro Dia, mantido pelo estado, ou o abrigo do bairro Rui Lino, financiado pela prefeitura.
Conforme Aurinete, a pastoral não atua só na entrega de alimentos e kits de higiene, mas também consegue ajudar muitos estrangeiros a resolver as questões documentais e, inclusive, vagas de emprego tanto no Acre, como em contato com lideranças de outros estados.
“O que a gente percebe que é preciso que todos, tanto a sociedade, os órgãos públicos, as organizações não governamentais, pessoas do bem que precisam se unir nessa ciranda para poder fazer aquilo que a gente diz no âmbito dos quatro verbos que papa nos pediu como igreja, como seres humanos, acolher, proteger, promover e integrar migrantes e refugiados”, afirmou Aurinete.