Governo entrega obra de reforma e ampliação do Teatro Barracão
Como política de fomento e salvaguarda dos bens culturais, o governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), entrega à comunidade, o Teatro Barracão, na Baixada da Sobral, no próximo dia 5 de novembro, terça-feira, às 17h30.
Atividades artístico-culturais fazem parte da programação de reabertura do espaço.
Símbolo de resistência cultural na década de 80, o Barracão passou por reforma e ampliação, com investimentos do governo no valor R$ 178 mil, incluindo a construção de uma área externa para atividades de capoeira e música, camarim e copa.
O Barracão é fruto de uma reivindicação da Federação de Teatro do Acre (Fetac) num contexto de um movimento importante e preciso envolto em questões sociais, na década de 70.
Mais uma vez a retomada de suas atividades articulará um processo de mobilização artística e social.
“Iremos retomar com as atividades de capoeira, teatro, vídeo, cultura digital com o telecentro, hip-hop, leitura e culturas populares. Com isso, estaremos revitalizando a memória do espaço, dentro de um processo coletivo que abrange a comunidade, bem como a história do movimento cultural”, explicou Ney Ricardo, coordenador do espaço.
No campo social, o Barracão vem trabalhando a cidadania, elevação da autoestima e diminuição de risco social, devido se tratar de uma intervenção direta em uma área sem acesso aos bens culturais.
Reformas e revitalização
O projeto de reforma e revitalização faz parte de um conjunto de 19 equipamentos artístico-culturais, além da implantação do Museu dos Povos Acreanos. Os investimentos somam mais de R$ 40 milhões, entre obras, mobiliário e equipamentos. Os espaços estão localizados em Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Tarauacá, Sena Madureira, Xapuri e Brasileia.
Na capital, em fase de execução e com previsão de entrega em novembro, estão as obras do Museu da Borracha, Teatro Hélio Melo e Memorial dos Autonomistas; Escola de Música do Acre, incluindo a construção do muro e reforma do prédio; e a construção da sede do Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural.
Já foram entregues pelo governo: a Casa dos Povos Indígenas, antigo Kaxinawá; a Biblioteca Pública Estadual Elomar de Souza Braga, em Epitaciolândia e o Memorial Wilson Pinheiro em Brasileia.
O Barracão
O espaço possui salas em homenagem a ícones da cultura acreana. Um deles é José Marques de Souza, o Matias, líder do movimento social e teatrólogo.
A Sala Matias com capacidade para 150 lugares é dirigida a apresentações teatrais, oficinas e outras atividades.
O espaço de inclusão digital é batizado com o nome do diretor teatral e ator, Beto Rocha; no espaço que leva o nome de Vó Nazaré, contadora de histórias e atriz, funciona a biblioteca. A Sala Multimídia leva o nome do poeta, compositor e bailarino Maués Melo.
“O Barracão volta ao cenário cultural com um calendário de apresentações teatrais, oficinas, cursos e outras atividades artísticas com o propósito de envolver a comunidade para que possam exercer com cidadania uma sustentabilidade através do fazer artístico e cultural. Esse talvez seja o maior objetivo desse epsaço localizado num centro mais populoso e com toda uma relevância histórica”, comentou Karla Martins, presidente da FEM.
Matias, o mestre e ativista cultural
Dos seringais do Vale do Juruá até sua participação em movimentos sociais em Rio Branco, como teatrólogo, José Marques de Sousa, o Matias, contribuiu com os movimentos sociais no Acre, utilizando o teatro para denunciar e reivindicar melhores condições de vida para as comunidades menos favorecidas.
Matias foi um dos maiores representantes do ativismo cultural no Acre. Sua história como teatrólogo se confunde com a do Teatro Barracão, foi a partir dessa rica vivência, entre o movimento social e a cultura popular, que Matias criou o grupo de teatro De Olho na Coisa, além de contribuir para o fortalecimento do movimento cultural no Acre.
Desenvolveu ações na área do teatro popular, com o objetivo de formar profissionais e consciência sócio-política ambiental, trazendo nas muitas peças que criou uma abordagem crítica da realidade social. Iniciou em 1979 um movimento organizando grupos de teatro que realizavam apresentações gratuitas, reunindo jovens e instituições religiosas. Seus trabalhos sempre foram baseados no teatro denúncia, como as peças: Tributo a Chico Mendes e Clamor da Floresta.