Casal que se conheceu pela web e mora sobre rodas há 10 anos chega ao Acre

O namoro começou à distância pela internet e demorou cerca de 30 dias para que o artesão Enio Oliveira e a nutricionista Rosimeire Patussi virassem marido e mulher.

Ele morava em Campo Grande, Mato Grosso, e ela em Coxim, no mesmo estado, mas distante 253 quilômetros. Os dois sonhavam algo pouco convencional: ele queria morar em um motorhome e ela sonhava em conhecer o Brasil. E, após casados, deram início a essa jornada.

“Eu trabalhava em um consultório próprio, como nutricionista, já fazia 14 anos. Aí, pensei que era melhor ir logo do que deixar para mais tarde. Só desmarquei os pacientes que eu tinha marcado, com três dias consegui minha aposentadoria e saímos à procura do motorhome”, contou ela.

O artesão disse que também tinha um bom emprego, mas decidiu largar. Os dois dizem que impõem limites de gastos e, com isso, o estilo de vida acaba sendo menos oneroso que o convencional.

“Decidimos colocar limites no financeiro, então, temos limite de combustível, de passeios, alimentação independe de onde estejamos é o mesmo e uma reserva”, explica Rosimeire.

Casal que se conheceu pela web e mora sobre rodas chega ao Acre — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Casal que se conheceu pela web e mora sobre rodas chega ao Acre — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

O motorhome do casal é muito aconchegante, além de ser sustentável com placas solares para ajudar a diminuir os custos da viagem. Conforto é o que não falta: tem cama de casal, beliche, ar-condicionado, televisões, cozinha, banheiro, lavanderia, sistema de segurança e a Milla, a cachorrinha de estimação do casal que sempre está junto.

Uma casa sob rodas para essa jornada de 10 anos, tempo que precisaram para conhecer os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. A última parada foi o Acre e, segundo eles, a parada tem sido muito agradável.

“Fizemos questão de fazer os 26 estados, com as 26 capitais e o Distrito Federal. Então, o Acre era o último estado que faltava para a gente conhecer. Estávamos em Rondônia, com vontade de fazer o Peru, mas como as fronteiras estão fechadas não foi possível. Viemos para completar todos os estados do Brasil com todas as capitais”, afirmou o artesão.

“Nos surpreendemos com o Acre, porque achávamos que era mais calor, não é tanto como pensávamos. As pessoas são muito agradáveis, o batalhão recebeu a gente de braços abertos”, disse ela.

Aventura de conhecer todas as capitais do Brasil em 2012 — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Aventura de conhecer todas as capitais do Brasil em 2012 — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Limitações

Rosimeire tem limitações por causa de uma paralisia cerebral e mioclonia, que são movimentos involuntários, por isso, o motorhome foi todo adaptado para o conforto dela. Ela explica que a experiência de conhecer o Brasil é enriquecedora e as limitações nunca foram um problema para viver essa aventura.

“Desde criança não teve obstáculo que me segurasse. Às vezes limita um pouco, mas faço de uma outra forma, no meu tempo. É muito gratificante, é muito bom perceber as diferenças que tem no nosso Brasil, cidades super acessíveis, cidades sem condições de estar passeando, mas a gente sempre tira o lado melhor e o que não é bom a gente nem procura lembrar.”

Ela conta que uma das coisas que mais gosta de conhecer e apreciar nas cidades são as comidas.

“Gosto bastante de conhecer as comidas típicas dos lugares, têm algumas vezes que dá vontade de voltar em tal lugar só para comer tal coisa. É muito diferente os pratos que existem no Brasil”, contou Rosimeire.

Já o artesão opta pela parte da cultura. “Eu já gosto de chegar nos lugares, conhecer a origem da cidade, do nome, como foi a formação, conhecer a cidade politicamente, geograficamente. Saber quantos habitantes ela tem, quais os costumes, religiões.”

O casal já rodou cerca de 250 mil quilômetros pelo Brasil e conta quais os planos após deixar o Acre.

“Vamos voltar para Rondônia, porque a ideia era ir para o Peru, mas vamos voltar e tentar conhecer o máximo possível por lá e depois o Mato Grosso, porque já tivemos lá, mas têm alguns municípios que nós não passamos que é de interesse nosso. Dar uma passada no Mato Grosso do Sul, que é onde estão nossos parentes, nossas raízes, já tem mais de 2 anos que passamos por lá”, afirmou ele.

Enio diz que o que gosta mesmo é de desbravar cada local. “As pessoas comentam que é muita aventura, mas até que não, porque nós já acostumamos com essa vida. A gente gosta do desconhecido, quando vou para uma cidade não fico pegando muita informação, gosto de chegar e desbravar.”

Estado acreano foi a última parada no roteiro do casal que mora sobre rodas — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Estado acreano foi a última parada no roteiro do casal que mora sobre rodas — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Livros

A nutricionista conta ainda que aproveita as viagens para escrever o segundo livro. O primeiro levou três anos para ficar pronto devido à dificuldade que ela tem para digitar. As 240 páginas relatam sua história de vida e ela fala que espera que sirva de motivação para outras pessoas.

“Esse primeiro, eu falo da minha vida, com os obstáculos vencidos, tudo que quis fazer, consegui vencer os obstáculos. Agora estou escrevendo um sobre relacionamentos anteriores a ele e para contar como nós nos conhecemos, como que ele vê a mim, com as limitações, a diferença de sentimentos de outras pessoas que já tinha conhecido antes.”

O casal deixa uma mensagem para que as pessoas vivam e olhem a vida de uma forma mais leve.

“A vida é simples, a vida é boa de ser vivida. As pessoas que complicam e acham que não dá ou que não conseguem fazer as coisas sem antes tentar uma, duas ou três vezes. Na primeira tentativa se não deu certo já desistem. Não é assim”, diz ela.

“Você só vai viver uma única vez, e se tem um desejo, um sonho de fazer alguma coisa, não fica preparando e adiando, vai e faz”, fanaliza ele.